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R7 Entrevista

Coração de piloto: após problema cardíaco grave, Beto Monteiro volta em busca do penta na Truck

Atualmente na Copa Truck e Nascar, pernambucano acumula 41 vitórias, 27 poles, 99 pódios e 41 voltas rápidas na carreira

Entrevista|Ingrid Alfaya, do R7

Após problema cardíaco grave, Beto Monteiro volta às pistas com desejo de ser pentacampeão Reprodução/Duda Bairros

Com um capacete sempre pronto e o coração acelerado pela adrenalina, Beto Monteiro se consolidou como um dos nomes mais respeitados do automobilismo brasileiro.

Natural de Recife (PE), o piloto de 49 anos iniciou sua trajetória nas pistas ainda jovem. Foi ainda no kart que o pernambucano entendeu que queria ser piloto profissional e as escolhas que precisaria fazer ao longo de sua carreira para que isso acontecesse.

Copa Truck reúne famílias e iradores em suas corridas Divulgação/@vanderleyportfolio

Beto, então, ou para as fórmulas, onde chegou a disputar a F3 Italiana. Ele também disputou a Nascar, mas foi na Fórmula Truck que o sonho de ser profissional e “viver só das corridas”, como contou ao R7, se realizou.

Com uma agressividade controlada e muita habilidade técnica, foi tetracampeão brasileiro na Truck (2004, 2013, 2019 e 2020) e campeão Sul Americano de 2013, conquistando também um vice-campeonato em 2012.


Atualmente competindo em duas modalidades, na Copa Truck e Nascar, Beto acumula ao longo de sua carreira 372 corridas, 41 vitórias, 27 poles, 99 pódios e 41 voltas rápidas. Esses números ainda não contam a temporada 2025, que marca o retorno do piloto às pistas após um grave problema cardíaco durante uma corrida de kart em outubro de 2024.

Depois de sofrer um rompimento da aorta e ar por seis horas de cirurgia, o piloto voltou a competir apenas seis meses depois. O esforço físico de entrar com um caminhão nas curvas a 160 km/h e aguentar a pressão de até 70°C de calor em uma cabine não foram o suficiente para frear o pernambucano.


Beto volta à temporada 2025 já com bons resultados e focado em conseguir o pentacampeonato na modalidade mais querida pelas famílias amantes de velocidade.

A seguir, confira os destaques da entrevista ao R7:


R7 - Você tem uma longa carreira como piloto em diversas modalidades, mas acabou se consolidando na Truck, sendo quatro vezes campeão brasileiro. O que te levou a ela?

Beto Monteiro - Foi por um acaso. Eu estava recém-chegado da Europa, tinha corrido a Fórmula 3, um carro bem aerodinâmico. Então, entendi que queria ser profissional, mas vi que não ia chegar na Fórmula 1. Porque [nessa modalidade] não depende só do seu talento, da sua capacidade. Depende 90% de dinheiro. Então cheguei à conclusão que queria ser profissional não importava qual fosse a categoria. E aí, por um acaso, eu já conhecia a organização da Truck, e o pessoal usava muito o escritório do meu pai. Na primeira oportunidade, uma pessoa se acidentou, e me convidaram para substituir. E foi muito legal!

R7 - Qual a principal diferença em dirigir uma um caminhão e um carro em uma corrida?

Beto Monteiro - Muita gente pergunta isso. O caminhão é bem mais pesado, você dirige em cima da roda dianteira. O caminhão também é muito quente. As características são bem diferentes, mas no final os desafios são os mesmos.

R7 - Como você descreveria o público da Truck?

Beto Monteiro - Quem gosta de corrida assiste a tudo: Truck, Nascar, Stock Car... E, agregado a isso, o evento ficou muito caracterizado pela participação da família. Então engloba quem gosta de corrida e o pessoal do segmento do transporte. Ser caminhoneiro não é só uma categoria, é um lifestyle. Muitas mulheres e crianças também gostam de caminhão. Afinal, carros correndo rápido você vê para todo o lado, mas um caminhão correndo em uma pista ainda impressiona.

R7 - O que você acha da participação feminina na pista?

Beto Monteiro - Acho super bacana. A gente tem uma piloto que, inclusive, é da minha equipe, a Débora Rodrigues. Ela está há mais tempo que eu na Truck. Ela foi percussora das mulheres nessa modalidade. Além da Débora, tem a Bia Figueiredo e Thaline Chicoski. Então a gente tem três mulheres na categoria atualmente. A nível global, é impressionante o número de mulheres envolvidas nas corridas, não só guiando, mas envolvidas na divulgação das provas, nas equipes, na engenharia. A mulherada invadiu e é muito legal o envolvimento delas.

R7 - Você participa de uma categoria esportiva que mexe muito com a adrenalina dentro e fora da pista. E você teve um problema de saúde grave exatamente onde a velocidade toca: o coração. O que te fez voltar?

Beto Monteiro - O que eu tive foi muito grave. A minha família ou por um susto muito grande. Porém, eu fiquei muito focado em recuperar minha vida e voltar ao que eu sempre fiz. Para mim, foi um desafio. Muita gente falou que eu não voltaria mais a guiar, inclusive, alguns médicos. Por mais foco que eu tivesse, você começa a colocar em xeque se você ainda é capaz de fazer com qualidade. Então, quando sentei em um caminhão de novo e fiz tempos que já foram altamente competitivos, foi um peso que tirei das minhas costas. Foi uma emoção muito forte, que eu nunca vou esquecer.

R7 - Quem é sua maior inspiração e/ou ídolo no mundo da velocidade?

Beto Monteiro - Eu sempre tive meu pai como um ídolo assim, maior de todos, ele sempre ganhou corrida e eu achava aquilo sensacional. Um herói mesmo. Quando eu comecei no Nordeste, já tinha uma pressão pelo conhecimento que ele tinha e pela qualidade que ele tinha com piloto. E, logicamente, uma inspiração é o Ayrton Senna por tudo o que ele fez, pela trajetória que é mundialmente conhecida.

R7 - Se você pudesse dar um conselho para alguém que quer participar dessa modalidade, qual seria?

Beto Monteiro - Um amigo meu que já é piloto falou assim: “Cara, eu tenho vontade de correr de caminhão, mas eu tenho preconceito”. E eu sei que muita gente tem preconceito. Por ser caminhão, muita gente acha que não é corrida. Porém, tem uma molecada entre 18 e 20 anos que está fazendo dela um step. Então a minha dica é: tire o preconceito do coração. A pessoa que quer ser piloto não pensa na Truck como primeira opção, mas hoje ela tem um ótimo custo-benefício entre você conseguir um patrocinador e o que ela entrega comercialmente. Então a Truck é uma opção boa de começo de carreira.

R7 - Como você vê sua carreira no futuro? Quais são seus próximos planos?

Beto Monteiro - Sabe que muita gente pergunta isso: você quer guiar até quando? Mas gosto tanto disso que eu não me vejo tão cedo parando. Isso vai acontecer, mas tenho curtido tanto cuidar da nova geração e de ar as experiências, acompanhar o desenvolvimento deles... No futuro, me vejo envolvido com corrida, cuidando de equipe, como manager, como coach, com tudo que envolve uma competição. Mas ainda tenho muito forte em mim o desejo de guiar, né? Então enquanto tiver esse desejo e essa paixão de guiar não me vejo nesse horizonte.

R7 - Mas ninguém falou em parar...

Beto Monteiro - É, eu sei, mas eu já incluo logo, porque muita gente pergunta [risos]. Mas, para ser mais objetivo, em um curto prazo, eu tenho feito corridas em Nascar. Eu já tinha feito isso uns anos atrás e agora voltei a fazer. E isso tem me encantado bastante. Então, eu ainda quero, além de disputar e ganhar mais um título da Copa Truck no Brasil, ganhar uma corrida nos ovais nos Estados Unidos.

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