Lula critica Zema e diz que governador de MG deveria entregar prêmio e agradecer
Chefe do Executivo mineiro não compareceu na cerimônia de do contrato de concessão da BR-381
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (22), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, pela ausência durante a do contrato de concessão da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares. A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília.
A reportagem acionou o governo mineiro e aguarda manifestação. Em seu discurso, o petista afirmou que o mineiro deveria entregar um prêmio e agradecer pelas ações do Executivo.
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“O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer o prêmio, um troféu, do primeiro presidente da República que ele tem conhecimento que nunca vetou absolutamente nada de nenhum governador por ser contra ou por ser oposição. Se ele tivesse, poderia mandar um [prêmio] para ele [Zema] para ele me entregar. O que nós fizemos para os estados que não pagaram dívida talvez só Jesus Cristo fizesse, caso concorresse a Presidência da República”, afirmou Lula.
No início de seu discurso, o presidente afirmou que a palavra obrigado é simples. “Mas para falar é preciso ter grandeza. As pessoas têm que ter grandeza, têm que ter caráter, humildade para agradecer uma coisa que é feita”, acrescentou.
Depois, citou o Programa de Aceleração do Crescimento, cujas obras foram sugeridas pelos governadores. “Pelo menos isso deveria me agradecer, mas ele fez uma crítica profunda desnecessária. Eu vou relevar isso porque o papel do presidente da República não é falar mal de alguém num ato como esse”.
O principal ponto de divergência entre Zema e Lula está relacionado ao projeto da renegociação das dívidas dos estados com a União. Recentemente, o governador mineiro usou as redes sociais para criticar os vetos promovidos pelo presidente.
“Enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”, questionou Zema. “É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias”, acrescentou.
Vetos a projeto de Pacheco
Lula vetou 11 trechos do projeto, de autoria de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, sob a justificativa de evitar impactos fiscais negativos nas contas da união. Os chefes dos Executivos locais criticaram os vetos a dispositivos que possibilitavam o uso de verbas do fundo de equalização para abater juros e outras concessões financeiras.
Quatro estados concentram 89,4% das dívidas estaduais: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Juntos, eles somam R$ 683,9 bilhões dos R$ 764,9 bilhões que os estados devem à União.
A reportagem apurou que o Palácio do Planalto convidou Zema para a agenda. Nas redes sociais, o governador publicou uma mensagem com a frase “A honestidade é a melhor política” e uma imagem do encontro com o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Questionada, a assessoria de imprensa do político ainda não respondeu. O espaço está aberto.
Concessão da BR-381
As declarações foram dadas por Lula durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Na ocasião, o presidente assinou contrato de concessão da BR-381, conhecida como “rodovia da morte” em Minas Gerais.
A partir de agora, a via será istrada pela Concessionária Nova 381 e vai receber R$ 10 bilhões em investimentos durante os próximos 30 anos.
Dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) indicam que, entre 2018 e 2023, foram registrados 3.960 acidentes na BR-381. Ao todo, 420 pessoas morreram.
Conhecida como rodovia da morte, a via é sinuosa, tem pistas simples na maioria do percurso, baixa manutenção da estrutura e ausência de iluminação e sinalização.
Na tentativa de melhorar o cenário, o governo colocou a estrada, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, para leilão em novembro do ano ado. Agora, a BR será istrada pela Nova 381.
O trecho, com extensão total de 303 km, tem início na capital mineira, no entroncamento com a BR-262, até o trecho com a BR-116. O pedaço abrange 13 cidades às margens, resultando em um tráfego médio de 24,7 mil veículos por dia.
A expectativa, então, é de que a concessão beneficie quatro milhões de pessoas e promova 83 mil empregos diretos e indiretos. Ao todo, serão 51 mudanças, com duplicação de 106 km.
O projeto
O projeto prevê também 83 km de faixas adicionais, 51 correções de traçado, áreas de escape, ponto de parada e descanso para caminhoneiros e 23 arelas para travessia de pedestres. O plano inicial, dos 100 primeiros dias, concentra na reabilitação da rodovia, com ênfase na segurança viária.
Os municípios que serão beneficiados são: Belo Horizonte, Sabará, Santa Luzia, Caeté, Nova União, Bom Jesus do Amparo, Barão dos Cocais, São Gonçalo do Rio Abaixo, João Monlevade, Bela Vista de Minas, Nova Era, Antônio Dias, Jaguaraçu, Timóteo, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso, Belo Oriente, Naque, Periquito e Governador Valadares.
De acordo com o Executivo, o pedágio será gratuito no primeiro ano e, em seguida, vai contar com desconto para usuários frequentes — classificados como aqueles que percorrem trechos da rodovia diversas vezes por mês, como pessoas que residam ou trabalham em cidades próximas.
Nesse caso, a concessionária vai oferecer o pagamento automático para motoristas, por meio do uso de tags.