Prefeitura de BH assume gestão do Anel Rodoviário nesta terça-feira (3)
Posse ocorre após cerimônia de transferência, realizada durante a manhã desta terça
Minas Gerais|Túlio Lopes, do R7 Minas e Gabriela Neves*, do R7Minas

A Prefeitura de Belo Horizonte assume, a partir dessa terça-feira (3), a gestão do Anel Rodoviário. O início da gestão ocorre após a cerimônia de do termo de transferência, que será realizada durante a manhã desta terça, na área de recuo próxima ao viaduto São Francisco, na Região da Pampulha.
Segundo a especialista de trânsito Cinthia Almeida, a municipalização do Anel é considerada estratégica para ampliar a capacidade de gestão local e garantir mais agilidade na execução de intervenções essenciais à segurança e à fluidez do trânsito em uma das vias mais movimentadas da capital mineira. Ainda segundo Cinthia, com a autonomia, as obras dentro de Belo Horizonte, que podem influenciar no trânsito no Anel Rodoviário, serão mais facilmente aprovadas após a municipalização.
Para Álvaro Damião, a transferência do Anel Rodoviário é uma demanda histórica da população. “É um sonho de 40 anos que o belo-horizontino espera realizar: ter o Anel sob responsabilidade da cidade, para que possamos cuidar dele. Viemos aqui dizer que esse momento está chegando — e será agora, no fim deste mês ou, no máximo, no início de junho”, afirmou o prefeito.
O acordo entre o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e a Prefeitura prevê rees federais para a execução de obras e melhorias na rodovia. Entretanto, alguns entraves ainda precisam ser resolvidos. Um deles é a liberação de R$ 60 milhões para a construção de dois viadutos — um na BR-040 e outro na Via Expressa, nas proximidades da Arena MRV. Outros R$ 50 milhões estão previstos para recapeamento, reestruturação da pista e revitalização da sinalização.
Damião também destacou que ainda existem pendências fundiárias relacionadas a terrenos do DNIT no entorno do Anel, mas garantiu que isso não impedirá o processo de municipalização. “Estamos tentando desvincular esse processo da regularização fundiária, que pode demorar mais. Queremos municipalizar o Anel independentemente disso e do dinheiro para os viadutos. A primeira ação será assumir oficialmente o Anel Rodoviário”, concluiu.
O Anel Rodoviário de Belo Horizonte foi projetado e construído na década de 1950, com inauguração em 1963, para desviar o tráfego de veículos pesados do centro da capital mineira, conectando as rodovias federais BR-040, BR-262 e BR-381. Com cerca de 27 km de extensão, a via foi planejada para facilitar o escoamento de produtos e a mobilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ligando bairros e cidades adjacentes. Inicialmente, o fluxo era de cerca de 1.500 veículos por dia, mas, com o crescimento populacional e da frota veicular, hoje circulam aproximadamente 120 mil a 160 mil veículos diariamente, sendo 23% caminhões.
A rodovia, que cruza vias importantes como a Avenida Cristiano Machado, Antônio Carlos, Pedro II e Amazonas, tornou-se essencial para o desenvolvimento econômico, mas também enfrenta desafios significativos, como congestionamentos, acidentes frequentes (45,5% dos acidentes rodoviários da RMBH em 2012) e infraestrutura obsoleta. Uma grande reforma foi realizada na década de 1970, com duplicação concluída em 1980, mas desde então apenas manutenções pontuais, como recapeamento, foram feitas. Em 2008, a via foi nomeada em homenagem a Celso Mello Azevedo, primeiro prefeito nascido em Belo Horizonte, por meio da Lei nº 11.806.
Para amenizar o volume intenso, em agosto de 2022, a Prefeitura de Belo Horizonte criou a pista de escape do Anel Rodoviário, no trecho do Betânia, “o mais perigoso” segundo o senso comum do belo horizontino. Ainda segundo Cinthia Almeida, “alguns pontos de grande declividade ou de curva acentuada necessitam de áreas de escape”.
A área de escape do Anel Rodoviário fica no trecho entre a BR-040 e o trevo do bairro Betânia, a poucos metros do o ao bairro Buritis. O km 541 do Anel Rodoviário foi escolhido estrategicamente pelo tamanho da área necessária para a construção, o ângulo de aproximação em relação à curva e a distância do trecho onde ocorrem as retenções.
A estrutura é composta por uma caixa de concreto preenchida com argila expandida (cinasita), que aumenta o atrito e reduz a velocidade do veículo, em uma lógica semelhante à usada em pistas de automobilismo. Uma série de placas e um de mensagens digitais orienta os motoristas sobre a área de escape.
As equipes do Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH) monitoram 24 horas por dia o trecho, por meio de uma câmera instalada em frente à estrutura. Quando a área de escape é utilizada por algum veículo, é acionado o protocolo de segurança.
Equipes da BHTrans, da Via 040 e da Polícia Militar Rodoviária isolam a área e acionam os reboques, iniciando a retirada do veículo. Após a remoção, a área de escape a por manutenção e limpeza, sendo novamente sinalizada e liberada para uma futura utilização.
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, a área de escape no Anel Rodoviário, localizada no km 541, próximo ao bairro Betânia, foi utilizada 38 vezes até janeiro de 2025, sendo 16 vezes por veículos de carga e 22 vezes por veículos de eio, evitando potenciais acidentes graves (dado de abril, o mais atualizado pela pbh até agora).
*Sob supervisão de Túlio Melo
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