Collor debochou de procurador que o levou à prisão: ‘Janó’
Ex-presidente também usou a tribuna do Senado para xingar Rodrigo Janot, autor da denúncia

O ex-presidente Fernando Collor, preso nesta madrugada por ordem do STF para cumprimento de condenação por corrupção iva, travou intensa batalha verbal contra seu acusador, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ainda em 2015, quando era senador, Collor — conhecido pelo temperamento explosivo — investiu na desmoralização do chefe do Ministério Público e cunhou um apelido que rapidamente se disseminou por Brasília: “Janó”, a quem chamava de “figura tosca”, “sujeitinho à toa” e chefe da “alcateia” que teria se apossado do Ministério Público.
Em sessão do Senado, em agosto de 2015, no auge da apresentação das denúncias, Collor assumiu a tribuna para se defender e atacar o procurador, chegando a proferir um xingamento ao se referir a Janot. O então senador pelo PTB citou trecho da denúncia assinada por Janot, em que o procurador aponta atrasos no pagamento de parcelas de um carro de luxo “por falta de recursos escusos”.
11) Fernando Collor de Mello— Candidato a governador de Alagoas pelo PTC R$ 20.600.000,00 declarados à Justiça
11) Fernando Collor de Mello— Candidato a governador de Alagoas pelo PTC R$ 20.600.000,00 declarados à Justiça
Collor declarou tratar-se de “afirmações caluniosas e infames”. Em seguida, abaixou o tom de voz e disparou o xingamento: “Filho da p.” O pronunciamento está registrado em vídeo e foi transmitido ao vivo pela TV Senado.
O embate público se estendeu por meses, com trocas de acusações entre Janot e Collor, inclusive durante a sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que sabatinou o procurador para a recondução ao cargo — razão pela qual o senador acusava Janot de lançar denúncias contra ele e de se valer de uma “sórdida campanha midiática” para se manter no posto.
Duríssimos embates
A sabatina da CCJ foi palco de duríssimos embates entre os dois. Collor compareceu para arguir Janot munido de acusações relacionadas à atuação do procurador como advogado da Braskem e chegou a resgatar denúncias contra um irmão falecido de Janot.
“Minha posição é, foi e será firme no combate à corrupção”, afirmou o chefe do Ministério Público. “Vossa Excelência, não me interrompa!”, exaltou-se, cobrando do presidente da sessão o direito à palavra.
Após deixar a Procuradoria-Geral da República — cargo que ocupou de 2013 a 2017, por nomeação da então presidente Dilma Rousseff —, Janot voltou à atividade como advogado.
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